sábado, 15 de setembro de 2012

Anti-quê?

"Anti-troika"? Mas a troika é que é a má da fita aqui? Ou eu é que interpreto isto de maneira diferente de 90% dos portugueses? "Queremos as nossas vidas de volta!" Quais vidas? Aquelas apregoadas pelos socialistas em que as "novas oportunidades" surgiam ao virar da esquina de mão beijada? Aquelas em que os créditos eram fáceis e se trocava de carro como de camisola ou se ia de férias sem pensar como as pagar depois? Aquelas em que a vida é bela e o que interessa é vivê-la e depois pensa-se no resto? Desculpem-me a sinceridade mas esta manifestação começou mal a partir do momento em que lhe atribuíram um mote. Mas vocês não pagam as vossas dívidas? Talvez tenha recebido uma educação pouco ortodoxa em casa mas sempre me disseram que quando devemos algo a alguém temos que pagar, mais cedo ou mais tarde. É uma coisa lixada, é verdade. Não dá muito jeito, também é verdade. Chamem-lhe burrice, estupidez, o que bem entenderem. Eu cá chamo-lhe honestidade. Anti-troika? Não, não! Anti-governo, se faz favor. O governo é que está a cortar nos salários da classe média e baixa, o governo é que permite que fundações inúteis deste país subsistam, o governo é que permite relações duvidosas entre domínio público e privado. O governo é que, no geral, está a fazer merda. As dívidas não são uma brincadeira de crianças, têm que ser pagas. A receita para lá chegar é que não presta. A troika tem mão nisto? Obviamente, já que são eles que nos fornecem o dinheiro.  Mas em última instância, quem determina as medidas de austeridade é o governo. Isto para mim só lá vai com uma revolução. Mas daquelas na rua, à moda antiga. Não as de sofá atrás de um computador. E contra mim falo.

Adenda: Acho muito bem que nos manifestemos. É um direito que temos e há que fazer uso dele. Só acho que o mote não foi bem escolhido. Eu não fui porque não vivo perto das cidades em que esta decorre.

4 comentários:

  1. "Anti-troika? Não, não! Anti-governo, se faz favor. O governo é que está a cortar nos salários da classe média e baixa, o governo é que permite que fundações inúteis deste país subsistam, o governo é que permite relações duvidosas entre domínio público e privado. O governo é que, no geral, está a fazer merda."

    E fica tudo dito.

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  2. Não o poderia dizer melhor; mais tarde ou mais cedo teríamos de pagar!
    Ensinaram-me em casa (e ainda bem) a não comprar em prestações, comprar só quando tiver dinheiro para o fazer e se precisar mesmo; desta forma e até hoje, tudo o que comprei em prestações foram uma casa e os carros ao longo da vida. Portugal e a maior parte do portugueses esqueceu-se ou nunca aprendeu esta lição; e agora quer a vidinha de volta?
    Anti-troika não sou, sou é por demais anti governos; este governo que nos esmaga e deixa tudo na mesma onde efectivamente deveria cortar e contra os anteriores que delapidaram tudo o que havia e deixaram o povo acreditar que havia riqueza e era para durar!

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  3. Sim, também sou anti-governo. Anti-governos, porque não foi só este que nos ludibriou.
    Quanto ao pagamento das dívidas, acho que qualquer pessoa honesta está de acordo. Já não concordo que uma dívida contraída nos últimos 20 anos, seja paga apenas em três e à custa dos menos desfavorecidos da sociedade. Isso só acontece porque o FBI e os bancos alemães estão a ganhar milhões em juros.
    Vamos lá ver: eu compro uma casa de 150.000€ e o banco dá-me 40 anos para pagar.
    A troika, ou lá que trampa lhe queiram chamar, empresta-nos dinheiro cujos juros só vão contribuir para nos afundarmos ainda mais.
    Claro que quem empresta, dita as regras. Mas esperemos pelo dia em que a Grécia, primeiro e a seguir todo o grupo dos aflitos, deixem de ter como pagar e veremos se eles não preferem recuperar o empréstimo, do que perderem tudo.
    Aliás, bastava que os países como a Itália entrassem em queda livre e a Sra. Merkel ia vender as cuecas na feira da ladra para os segurar no €uro.
    Isto não é assim tão simples. Estes países foram arrastados para a crise, primeiro pela oferta de crédito ilimitado para comprar os Volkswagen da Sra. Merkel e depois pela especulação que se gerou à volta da dívida.
    Claro que temos de pagar a dívida, mas não é à custa de ordenados de 485€. Vão buscar o "guito" a quem ganha todos os dias rios de dinheiro com a especulação.
    Claro que isto faz muito mais sentido quando chegamos ao fim do mês e temos contas para pagar, porque não temos pais ricos e o BES não empresta dinheiro a tesos.

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E porque isto é uma selva e nós bandidos, escrevam para aí selvajarias e "bandidagens". Mas com moderação, ou como diria a grandiosa Fanny, "cuidado coa festa!"